Universos conectados pela natação – História de Leonardo Rodrigues no GNU
7 anos ago 0
Conheça a história do jovem Leonardo Rodrigues, que, com a ajuda da natação, está conseguindo superar limitações da Síndrome de Asperger, como sociabilizar, reconhecer e expressar emoções e fazer amizades.
Desvendar os segredos da evolução humana é uma das tarefas mais difíceis e fascinantes do mundo da genética. Cada gene traz características físicas e biológicas que passam a ser determinantes por gerações. São detalhes microscópicos, quase imperceptíveis, mas que podem transformar uma vida e fazer, de cada momento, um desafio a ser vencido.
É assim que a vida se apresentou para o jovem Leonardo Rodrigues, de 12 anos, aluno da Escola de Natação do Grêmio Náutico União (GNU). Ao ver Leo na piscina, ninguém diz que aquele menino franzino tem alguma peculiaridade em relação aos garotos da sua idade. Mas nem sempre foi assim. Aos cinco anos de idade, Leonardo foi diagnosticado com Síndrome de Asperger.
Pesquisadores defendem que esta síndrome seja resultado de um fator hereditário e que tenha ligação com uma anormalidade no cérebro da criança. O certo é que as crianças com Asperger possuem um transtorno de desenvolvimento e que esta síndrome não é considerada uma doença.
O GNU na vida do Leo
Foi aí que o GNU entrou na vida do Leo, mais especificamente quando o seu pai, Nelson Rodrigues, conheceu a professora de natação Elisandra Machado, que acumula uma experiência de 12 anos como preparadora física e com capacitação de educadora junto à Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB). Depois de conversar com a professora e desafiando o filho a aprender a nadar, Nelson matriculou Leo na escolinha. O menino aceitou o desafio e, para surpresa de muitos, não parou mais.
Fiz um acordo com ele para começar a nadar por um período e, quando se encerrou o prazo, falei que ele estava liberado das aulas, porque já estava nadando bem. Mas ele quis continuar – conta o pai, orgulhoso.
E aos poucos, o “tratamento esporte” começou a transformar a vida de Leonardo e de todos ao seu redor.
No começo, ele ficava isolado, sozinho numa raia e esperava a professora para entrar na piscina. Mas aos poucos, ele passou a entrar sozinho e a dividir a raia com os outros alunos – conta a colega Alice Ciriaco.
A dificuldade de sociabilização é um dos principais sintomas de Asperger.
Adolescentes como o Leonardo tendem a querer ficar por horas na frente da televisão ou do computador, e era o que estava acontecendo com Leo antes de ele começar a nadar – explica a professora Elisandra.
Outra característica marcante da Síndrome está na dificuldade de reconhecimento e de expressão de emoções e em fazer amizades.
Aí, novos progressos ocorreram quando ele abraçou a mãe – conta, emocionado, Nelson.
Se o abraço na mãe foi marcante, o fato de Leo brincar com os colegas, um hábito tão comum entre as crianças, impressionou ainda mais a turma de Leo. A professora detectou que ele tinha trauma por ter levado uma bolada há muitos anos na escola. Hoje, nas piscinas da sede Moinhos de Vento, é possível ver Leo jogando bola com os parceiros de esporte, cujas idades variam de 12 a 60 anos.
Fui conversando muito com a família e, aos poucos, estabelecemos objetivos para ele conquistar. Hoje, Leo joga bola, o que era algo impensável quando ele chegou aqui, porque tinha medo. Conseguimos reduzir a medicação dele, e nosso menino passou a nadar três estilos (crawl, costas e peito). A caminhada foi corrigida parcialmente – conta a professora.
E o aprendizado vai muito além das conquistas individuais de Leo, pois cada novo obstáculo vencido é uma vitória para todos que, juntos, trabalham para ver a superação do menino.
Muitas vezes, ia para casa sorrindo, porque tudo é um conjunto de sentimentos. A gente trabalha com a alma, com o coração, e o desafio emociona. Ver que estamos ajudando uma pessoa que não ria, que mal falava com a família e que hoje conversa e faz piada não tem preço. E, principalmente, saber que ele conseguiu diminuir a medicação porque a natação entrou na sua vida, tudo isso é muito gratificante – ressalta Elisandra.
Aos poucos, novos desafios são incentivados e Leo vai superando-os um a um. E vêm mais conquistas, como nadar na piscina externa de 50 metros, um prenúncio do atual objetivo: competir numa prova de natação. Boa sorte, Leo!
Fotos: Realiza/João Mattos
Fonte Revista do GNU/ Site
Por Imprensa GNU