Rio Negro Challenge depoimento da nadadora Catarina Ganzeli
7 anos ago 0
A maratona aquática me dá a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, desde 2007 quando ingressei nesse mundo. Em minha última viagem não foi diferente! Conheci essa personalidade da foto, Pierre Gadelha. Um homem de um humor leve e constante, modéstia sem igual, muita gratidão pela vida, uma generosidade que parece amor de mãe, responsável e trabalhador, sem perder sua simplicidade. Além de organizador do evento, Pierre também é um dos sócios da Aquática Amazonas que hoje mantém uma equipe competitiva com mais de 30 atletas em categorias de base. Eu pude vê-los em ação, treinando nos últimos dias, inclusive no feriado! Ali o trabalho é sério. Nas instalações se localiza também sua loja, onde são vendidos produtos de diversas marcas conceituadas no meio, sendo completamente voltada para as modalidades aquáticas a nível competitivo, facilitando aos praticantes encontrarem o que precisam em diversos modelos.
Apaixonado pela modalidade ele tomou como objetivo reviver as provas de maratonas aquáticas que tinham perdido força no estado nos últimos anos. O resultado foi um sucesso! Por meio de muita luta, como todos sabem organizar um evento exige MUITO trabalho, organizar um evento excelente então! São várias noites em claro! Mas Pierre nunca teve medo disso. Além de organizar uma estrutura completa e segura para que os atletas pegassem gosto pela prática, ele pensa em todos os detalhes. O organizador pede opiniões e críticas para todos os participantes e telespectadores visando melhorar seu evento, eu fui testemunha disso! Pierre faz questão de que os troféus, medalhas, camisas, sacolas de kit, sejam todos de boa qualidade, além de terem um design bonito e criativo. Além de conferir todo seu material pessoalmente, Pierre faz questão de verificar todas as exigências legais e regulamentar a prova da melhor maneira possível, o que exige o desgaste de diversas viagens para entrega, assinaturas e conferência de documentos. Como se não fosse o suficiente, a prioridade do organizador é realmente a segurança do atleta.
Sendo assim o trajeto é montado sempre pensando no grande público e não visando satisfazer somente em um grupo específico de atletas. Pierre verifica diversas vezes o percurso e local da prova para ter certeza sobre a temperatura e incidência de correntes no local, além de contratar uma equipe imensa de staff na água e fora dela. Ele conta com a ajuda de bombeiros, equipe médica, caiaqueiros, lanchas e barco da marinha. Isso tudo para cobrir um perímetro de 1,5km em uma água morna, sem ondulação e com uma corrente que não passa dos 4km por hora em seus piores dias. Isso no meio do Rio, pois a prova acontece próxima da margem onde não temos a incidência de correntes. Acham que ele é prevenido? É porque não viram a quantidade de água mineral que sobrou! Hehe!!!
Uma característica que surpreende; o dinamismo do evento. A forma como ao terminar a prova de 500m das crianças, as bóias são reposicionadas para as próximas largadas. A velocidade com que os resultados saem e são realizadas as premiações, não somente no local da prova como também na internet, onde tanto as fotos como os resultados foram lançados na página oficial do evento no MESMO DIA, ao final da tarde! Tudo é possível pois mesmo com tanta cautela, Pierre designa as tarefas e responsabilidades para outros profissionais capacitados que trabalham em equipe para que o show seja realizado. A confiança que ele tem em sua equipe é inspiradora e faz com ela tenha um excelente desempenho!
Fora esse mundo de qualidade que pude ver, não somente nessa prova como também em relatos de amigos que, assim como eu, vieram à Manaus presenciar o evento, Pierre ainda tem um feito espetacular em sua trajetória: ele organizou uma prova de 30km em 2015 com diversos atletas estrangeiros e fazendo questão de estar dentro dos padrões da FINA para quem sabe um dia realizar uma prova em nome da federação. Vocês nem imaginam o desafio que é ter uma estrutura para tamanho evento. Só depois de ter participado de algumas provas é que eu entendo a magnitude que envolve cuidar de uma evento desse porte, fiscalizando temperatura, ondulação, incidência de correntes, no trajeto todo durante vários dias. Ainda tendo que manter diversos atletas que falam línguas diferentes e tem necessidades diferentes, tanto de alimentação como treinamento, seguindo sua rotina longe de casa. Realmente é um feito desafiador.
Além disso tudo, tive a oportunidade de conhecer sua família maravilhosa e acolhedora. Rayssa Fernanda Gadelha sua filha mais velha, nascida no mesmo ano que eu, além de tomar as rédeas do evento quando o pai está ocupado, atua como advogada. Enquanto seu filho mais novo Vitor Fernando Gadelha é o único ultramaratonista aquático da região norte do país, o mais novo a cumprir o trajeto do Leme ao Pontal, atleta de Samir Barel, estudante de engenharia e o próximo brasileiro a realizar o desafio Capri Nápoles. O Brasil e as maratonas aquáticas com certeza tem orgulho de poder contar com pessoas tão responsáveis, disciplinadas e apaixonadas pelo que fazem.
Só tenho uma coisa a dizer para todos vocês: GRATIDÃO.
Texto e foto Catarina Ganzeli