Natação brasileira faz sua melhor atuação na história do Pan e fecha campanha com 30 medalhas
5 anos ago 0
Após cinco dias de disputas em Lima, atletas da seleção somaram 10 ouros, nove pratas e 11 bronzes. Neste sábado, cinco pódios decretaram o novo recorde do país nas piscinas.
A última noite de natação confirmou a tradição da modalidade como “carro-chefe” do time brasileiro na conquista por medalhas em Jogos Pan-Americanos. Na capital peruana, os nadadores tiveram que enfrentar o cansaço acumulado por conta do Mundial de Gwangju, realizado no último mês, superar a mudança brusca de fuso horário da Coreia do Sul para o Peru e o frio. Porém, ao pular na piscina do Parque Aquático de La Videna, eles não só mantiveram o retrospecto de pódios, mas quebraram a barreira de 200 medalhas na história do evento. Com isso, alcançaram não só o melhor resultado da natação brasileira em uma edição de Pan, mas também contribuíram para o Time Brasil sair de Lima com sua melhor performance geral na história dos Jogos Pan-Americanos, tanto em número de medalhas quanto em quantidade de ouros. Após cinco dias de provas, a natação subiu 30 vezes ao pódio, com 10 ouros, nove pratas e 11 bronzes. Neste sábado (10.8), foram cinco: um ouro, duas pratas e dois bronzes.
Para se ter uma ideia do feito dos nadadores em Lima, há quatro anos os brasileiros conquistaram 26 medalhas, sendo 10 de ouro em Toronto 2015. Foi, até aquele momento, o melhor desempenho nacional. Oito anos antes, no México, foram 25 pódios (10 ouros, 9 pratas, e seis bronzes). A tradição é histórica. O esporte conta com os dois maiores recordistas de medalhas no total do Brasil em Pan: Thiago Pereira (23 medalhas) e Gustavo Borges (19).
“Sempre vejo que independemente de muitas vezes os resultados não saírem da forma como a gente gostaria, com os tempos ou os resultados, a gente sabe que é sempre bom evoluir. O Pan não é realizado todos os anos, mas de quatro em quatro anos. Não é fácil chegar aqui. O Pan é uma competição de peso, não é uma competição fácil, como pode parecer pelo volume de medalhas conquistadas. Sei que não é fácil e temos que valorizar o nosso feito”, avaliou Etiene Medeiros.
No quadro geral da natação, o Brasil ficou atrás somente dos Estados Unidos, potência mundial da modalidade. O país disputou o Pan com uma delegação que combinou experiência e renovação na piscina do Centro Aquático de Videna. “Depois de 2016, quando a natação brasileira não foi bem, eu vejo que a gente evoluiu muito em todas as provas. Tanto que a gente veio forte neste Pan e acredito que daqui para frente vai ser melhor ainda”, afirmou o medalhista de ouro nos 1.500m, Guilherme Costa.
Investimento
Dos 35 atletas da modalidade em Lima, 29 são apoiados pelo Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento federal no grupo é da ordem de R$ 1,7 milhão ao ano. Atualmente, 272 nadadores de todo o Brasil são apoiados pelo programa, o que representa um aporte anual de R$ 4,1 milhões. Desse total, nove são na categoria Pódio, voltada para atletas que estão entre os 20 primeiros no ranking mundial. Dezessete também integram o Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas.
Ouro nos 1.500m
Na sua estreia em Jogos Pan-Americanos, o fundista Guilherme Costa conquistou a medalha de ouro nos 1.500m, com o tempo de 15min09s93. A medalha de prata ficou com o norte-americano Nicholas Sweetser, com 15min14s24, e o bronze com o mexicano Ricardo David, com 15min14s99.
“É um sonho. Os Jogos Pan-Americanos são a competição que a gente mais gosta de nadar. Como é o último dia, está todo mundo mais relaxado e todo mundo muito feliz aqui. Sempre foi o meu sonho participar do Pan e dos Jogos Olímpicos. Estou muito feliz com o meu primeiro Pan e por voltar para casa com um ouro”, comemorou Guilherme Costa.
Depois do título, Guilherme pretende mudar o foco em sua carreira e vai dedicar o planejamento na busca por uma vaga nos Jogos Olímpicos. “Falta um ano para Tóquio e acho que tenho que treinar muito bem e tenho que fazer ainda mais, porque é reta final e olimpíada é só de quatro em quadro anos”, conta.
Prata nos 4 x 100m
Na final do 4x100m medley masculino, o quarteto brasileiro formado por João Gomes Jr., Guilherme Guido, Vinícius Lanza e Marcelo Chierighini conquistou a prata, com o tempo de 3min30s98. O título continental ficou com os norte-americanos, com 3min30s45, e o bronze com os argentinos, com 3min38s41. “Mais uma vez a gente conseguiu provar que esse revezamento tem grande chance de chegar em uma final olímpica e brigar por medalha. A gente melhorou o tempo e provamos que estamos no caminho certo”, analisou João Luiz.
Na avaliação de João, a participação brasileira positiva. “A gente conseguiu ajudar muito o Brasil no quadro geral de medalhas. A gente vem cansado do mundial, em que foi bem forte e cansativo para todo o grupo. Chegamos aqui de coração aberto para lutar por um resultado expressivo. A equipe está de parabéns pelo comprometimento e pelo empenho de nadar as finais e buscar as medalhas”, completou.
Prata e bronze nos 200m medley masculino
Na final dos 200m medley masculino, o Brasil colocou dois atletas no pódio. Caio Pumputis ficou com a medalha de prata, com 2min00s12, seguido por Léo Santos, que fez 2min00s29. O título ficou com o norte-americano William Licon, com 1min59s13.
“Estou feliz com a medalha, mas não com o tempo que fiz aqui, porque sei que fiquei distante do meu melhor. Se tivesse feito o meu melhor tempo eu levaria o título. Entretanto, estou feliz em dividir o pódio com outro brasileiro e passar o número de medalhas da natação de Toronto 2015”, disse Caio.
Caio pulou na piscina na capital peruana em fase de recuperação de lesão na virilha. Ele se machucou durante a seletiva no Maria Lenk, disputada em maio. “Ainda sinto uma falta de confiança na pernada e falta de potência. Fiquei esse tempo todo fazendo fisioterapia. Agora, vou tirar três semanas de férias para me recuperar totalmente e estar preparado para a seletiva olímpica do ano que vem”, revela.
Estreante em Jogos Pan-Americanos, Léo conta que a nova geração da natação brasileira chegou para fazer história. “A gente vem provando que essa geração está vindo com tudo. A gente até brinca nos bastidores que é uma geração que não pensa muito, que é uma galera meia doida. A gente já chegou conquistando a medalha de ouro no revezamento 4 x 200m com direito a recorde mundial, no ano passado. A gente vê as histórias e só tem moleque doido”, conta Léo Santos.
Bronze no revezamento 4x100m medley feminino
O quarteto formado por Etiene Medeiros, Jhennifer Conceição, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira conquistou a medalha de bronze no revezamento 4 x 100m medley feminino, com o tempo de 4min04s96. O primeiro lugar ficou com as norte-americanas, com 3min57s64, e o segundo com as canadenses, em 4min01s90.
Na avaliação de Etiene Medeiros, disputar a prova mostra a força da natação brasileira. “Nadar o revezamento é importante para a natação feminina. São as melhores de cada estilo, uma prova rápida, onde as americanas sempre ganham destaque e as canadenses também. O balanço foi muito bom e a gente sabe que poderia ser um pouco melhor, mas sempre estamos em busca”, disse.
“A gente veio para fazer o nosso melhor e a consequência é quebrar várias barreiras. A equipe do Brasil veio preparada para essa competição e todos viemos com objetivos altos. Cada um conseguiu atingir as suas metas que impactaram no quadro de medalhas”, acrescentou Larissa Oliveira.
Outras finais
Não deu para as brasileiras na prova dos 1.500m feminino. Viviane Jungbl terminou em quinto lugar, com 16min30s00, e Ana Marcela em sétimo, com 16min39s83. A medalha de ouro ficou com a argentina Delfina Pignatiello, com 16min16s53, seguida por Ariane Kristel do Chile, com 16min18s19, e a norte-americana Rebecca Mann completou o pódio com 16min23s23.
Também não deu para a brasileira Camila de Mello. Ela terminou os 200m medley em sétimo lugar, com 2min17s22. A prova teve dobradinha norte-americana, com Alexandra Walsh, com 2min11s24 e Meghan Small, com 2min11s36. A canadense Bailey Andison completou o pódio com 2min14s14.
“Gostei bastante de estar aqui. Foi uma experiência boa, me diverti e fiz tudo o que poderia. Gostei do jeito que entrei na competição, mas infelizmente hoje não deu. Agora, é voltar para casa e treinar, porque quero continuar representando o Brasil nesse tipo de competição. Foi muito bom para mim competir no Pan”, analisou Camila, de 19 anos e estreante nos Jogos.
Breno Barros e Ana Claudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br
Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br
Foto: Wander Roberto/COB
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