Nadadora cearense Edênia Garcia completa 20 anos de Parapan no Chile e busca 6º título nos 50m costas
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Pentacampeã parapan-americana, a cearense Edênia Garcia, 36, nadadora da classe S3 (limitações físico-motoras), prepara-se para buscar o hexacampeonato nos 50m costas nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, Chile, que ocorrerão de 17 a 26 de novembro.
A atleta está na etapa final do treinamento para a competição, conhecida como polimento, na qual se nada distâncias mais curtas, de até 25 metros, com o objetivo de ganhar velocidade e aprimorar detalhes técnicos. No Chile, Edênia tem a expectativa de nadar, além dos 50m costas, os 50m livre.
Os 50m costas são a especialidade da cearense, que, em 2023, completa 20 anos de Parapan. A sua primeira edição foi em Mar del Plata, Argentina, no ano de 2003. Depois, competiu no Rio 2007, Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019. Em todas, conquistou o ouro na sua prova predileta.
“Estou indo para o Chile para buscar o hexa. Foi uma grande surpresa receber a convocação. Fiquei muito feliz. Não vou dizer que este é meu último Parapan, mas será uma competição em um momento em que já me encaminho para uma transição. Ainda tenho a motivação de fazer coisas novas na minha vida. Fui a primeira brasileira a conquistar o terceiro título mundial de natação. Quero agora ter seis títulos continentais, ir para minha sexta edição de Jogos Paralímpicos e me manter entre as três melhores do mundo com meus 36 anos. Acredito que temos tudo para conseguir um pódio duplo brasileiro em Santiago”, afirmou.
Edênia é a quarta colocada no ranking Mundial em sua prova favorita, com o tempo de 1min01s38. A terceira colocação é da gaúcha Susana Schnardorf (1min00s05).
Edênia, que nasceu com atrofia fibular muscular, condição que afetou os movimentos de seus membros inferiores, explicou que é um desafio competir em alto rendimento em sua idade. Além disso, a sua doença é degenerativa e influencia a performance da nadadora com o passar dos anos.
“Sinto que meu corpo não é o mesmo. Tenho muita sorte de treinar com o Fabiano Quirino, que entende de classes baixas [com maiores limitações]. Ele faz o treino pensando em mim, no que eu preciso para melhorar, para manter meus tempos. Respeita muito os feedbacks que dou e dá muito certo”, disse.
A parceria com o técnico, iniciada em 2017, continua dando resultados. Edênia, que é tetracampeã mundial nos 50m costas (Londres 2019, Eindhoven 2010, Durban 2006 e Mar del Plata 2002) ficou com a medalha de prata, novamente nos 50m costas, no Mundial de Manchester, em 2023.
Para a cearense, o Parapan sempre foi uma competição especial: “É uma festa das Américas, com grandes resultados e um clima muito bom. São muitos atletas que conheço há muito tempo, outros com os quais já competi na minha classe atual e na S4 [em que esteve até 2017].”
A competição traz boas recordações para Edênia desde a primeira edição, há 20 anos, quando ela trouxe da Argentina quatro medalhas de ouro: 50m costas, 50m livre, 100m livre e 200m livre. “Eu tinha meus 16 anos. Tinha um bom treinador, mas eram poucos os recursos, não havia suplementação, nada disso. Mas, na piscina, era tudo muito natural. Voltei da competição com muitas medalhas e todas as televisões em de [onde morou de 1998 até 2014] queriam me entrevistar. Eu era muito tímida, ficava escondida para não falar” lembrou.
Outras emoções vieram em 2007, no Rio, oportunidade em que Edênia, que nadava pela classe S4, teve de disputar os 50m costas em prova multiclasse, junto com as atletas da classe S5 (com menor limitação), e conseguiu sair da água com o ouro. “Foi uma experiência quase que mágica. Poder competir, em casa, em um evento tão importante, foi muito desafiador. Mas saiu a medalha que eu buscava”, relembrou.
Já em 2015, em Toronto, o objetivo era voltar ao top-3 do ranking, após ter saído do Mundial de Glasgow, na Escócia, naquele mesmo ano, com uma medalha de bronze e o quarto tempo do mundo. Novamente, o Parapan trouxe o título e permitiu que Edênia atingisse seus objetivos. Em seguida, em 2019, no Parapan de Lima, novo ouro para a cearense, que havia sido reclassificada em 2017 e passou a competir pela S3, na qual está até hoje.
Segundo Edênia, os treinos para atingir suas metas mais uma vez ainda a mantém motivada. “Eu fiz um treino muito bom na semana passada. Depois dele, fiquei me perguntando a razão de a natação mexer tanto comigo, fazer tão bem. Aí percebo que não está na hora de parar”, afirmou.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro