Brasil conquista dois ouros e mantém média de campeões por dia no Mundial de Natação de Manchester
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A Seleção Brasileira de natação paralímpica chegou ao 14º ouro no Mundial da modalidade, em Manchester, Inglaterra, neste sábado, 5, sexto e penúltimo dia de competição. Com isso, a delegação subiu, em média, mais de duas vezes ao lugar mais alto do pódio por dia.
Os responsáveis pelas medalhas douradas do dia foram o mineiro Gabriel Araújo, campeão paralímpico e, agora, bicampeão mundial nos 50m costas da classe S2 (limitação físico-motora), e o revezamento misto 4x100m livre – 49 pontos (atletas com deficiência visual).
Além destes títulos, o país conquistou uma prata com a gaúcha Susana Schnarndorf, nos 200m livre da classe S3 (limitação físico-motora) e dois bronzes, da fluminense Mariana Gesteira, nos 100m costas S9 (limitação físico-motora), e do revezamento misto 4×100 medley S14 (deficiência intelectual). Foram dois ouros, uma prata e dois bronzes neste sábado.
O campeonato começou na segunda-feira, 31, e reúne 538 competidores de 67 países até o domingo, 6, no Manchester Aquatics Centre. O Brasil é representado por 29 nadadores de 10 estados (CE, MG, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP), sendo 15 mulheres e 14 homens.
Com 41 pódios em todo o torneio (14 ouros, 11 pratas e 16 bronzes), o país ocupa a quarta colocação no quadro de medalhas. A Itália lidera com 21 ouros, 12 pratas e 10 bronzes. Os chineses estão em segundo, com 17 ouros, 18 pratas e 10 bronzes, seguidos pela Ucrânia (17 ouros, 13 pratas e 19 bronzes).
Gabriel Araújo abriu a noite com o ouro nos 50m costas S2 ao fechar a distância em 54s08. Ele superou o polonês Jacek Czech (57s44), prata, e o ucraniano Roman Bondarenko (1min03s55), bronze.
“Estou muito feliz. Passei por momentos difíceis nesta reta final. Fiquei um tempo parado, mas consegui voltar mais forte. Melhorei alguns dos meus tempos [quebrou dois recordes das Américas na competição, nos 50m livre e 100m costas] e cheguei próximo do meu melhor em outras provas. Saio satisfeito. Foi uma competição excelente”, disse o nadador, 21, que tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas.
O segundo ouro da noite foi conquistado de maneira emocionante pelo quarteto Carol Santiago (S12), Matheus Rheine (S11), Lucilene Sousa (S12) e Douglas Matera (S12). Eles formaram o revezamento misto 4×100 livre – 49 pontos, fecharam a disputa em 3min56s03 e superaram as equipes da Espanha (3min57s73) e Ucrânia (3min59s30).
Com a medalha, Carol Santiago se isolou como a melhor atleta de todo o Mundial. Conquistou sete medalhas em sete provas disputadas: cinco ouros (100m borboleta, livre e costas, 50m livre e revezamento misto 4x100m livre – 49 pontos), uma prata (100m peito) e um bronze (revezamento misto 4x100m medley – 49 pontos). No domingo, último dia do torneio, ela ainda competirá nos 200m medley SM13 (baixa visão).
“Eu sempre fico mais tranquila depois das minhas principais provas, mas missão cumprida é só depois que acabam todas. Ainda estou focada e animada para terminar o Mundial. Este ouro do revezamento, com a ajuda dos meus amigos, pode me ajudar a terminar como a atleta com mais medalhas na competição. Só saberei amanhã [domingo] o que vai acontecer. Posso dizer, agora, que todas essas conquistas são fruto do trabalho de todas as áreas do Comitê Paralímpico Brasileiro [CPB]”, definiu Carol, que nasceu com a Síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Após a ausência no Mundial da Ilha da Madeira, Portugal, no ano passado, a gaúcha Susana Schnarndorf já soma três medalhas na atual edição. Bronze nos 50m costas e nos 50m livre, a atleta mais velha da delegação brasileira (55 anos), conquistou a prata nos 200m livre neste sábado ao finalizar a distância em 4min18s18.
O ouro foi da britânica Ellie Challis (3min35s20) e o bronze, da norte-americana Leanne Smith (4min21s95). A nadadora dos EUA, inclusive, foi a melhor atleta do último Mundial, com sete ouros em sete provas disputadas.
“É ótimo ajudar o país com três medalhas. Quem sabe, a gente não consiga subir no ranking? Foi uma prova muito disputada, apertei o ritmo para não deixar a prata escapar”, definiu Susana, que tem a doença MSA (múltipla falência dos sistemas). Mais duas brasileiras disputaram a final dos 200m livre S3. A paulista Maiara Barreto ficou com a quarta colocação (4min40s19), enquanto a cearense Edênia Garcia terminou a disputa em sétimo lugar (5min14s87).
A fluminense Mariana Gesteira repetiu seu bronze nos 100m costas do último Mundial. No Reino Unido, registrou a marca de 1min10s11, contra 1min09s87 da norte-americana Christie Raleigh-Crossley, medalhista de ouro, e 1min10s10 da espanhola Nuria Marques Soto.
“Evoluímos a marca em relação à edição da Ilha da Madeira. É um bom sinal, mas dói perder na batida da mão. Foi uma prova bem parelha. Não sabia quem iria vencer até a chegada. Vou treinar mais para segurar melhor o final”, analisou Mariana, que nasceu com Síndrome de Arnold-Chiari, uma má-formação do sistema nervoso central que afeta a coordenação e equilíbrio.
O time do revezamento misto 4×100 medley S14 (deficiência intelectual), formado por Ana Karolina, João Pedro Brutos, Beatriz Carneiro e Gabriel Bandeira, também ficou com o bronze (4min16s34). O pódio foi completado pela Austrália (4min07s71) e pela Grã-Bretanha (4min10s47).
Outra brasileira a disputar uma final nesta noite (tarde no Brasil) foi a fluminense Lídia Cruz, que ficou em quinto lugar nos 200m livre S5, com o tempo de 3min09s44. A nadadora é da classe S4, ou seja, tem limitações físicas maiores do que as atletas da S5 – quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento. O pernambucano Phelipe Rodrigues também ficou de fora do pódio, ao chegar na quarta posição nos 100m livre S10 (limitações físico-motora), com a marca de 53s08.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro
Foto: Douglas Magno/CPB