Balanço do Open de Portugal Jamor 2022 por João Bastos
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Caiu o pano sobre a época 2021/2022 no que às competições nacionais de natação pura diz respeito com a realização do Campeonato Nacional de juvenis e absolutos/Open de Portugal, que decorreu entre 27 e 30 de julho no Jamor.
Aqui deixamos os principais destaques.
A história do histórico primeiro sub-22 português
O resultado que maior eco produziu destes campeonatos nacionais veio mesmo no último dia com o extraordinário 21.90 segundos aos 50 metros livres de Miguel Nascimento. Mas a história deste recorde começa a ser contada no primeiro dia do Open.
Na primeira sessão de finais, Nascimento abre a estafeta recordista do benfiquista de 4×50 metros livres para 22.20, uma boa marca mas insuficiente para aproximar do recente recorde nacional do nadador algarvio nos Jogos do Mediterrâneo de 22.01.
Dois dias depois veio a prova individual e Miguel não quis perder nenhuma oportunidade, nadando as eliminatórias para 22.05. Ainda insuficiente, mas cada vez mais perto.
Na final saiu mesmo recorde. 22.01 foi o tempo da vitória. Recorde é sempre recorde, mas sair do Jamor com a barreira dos 22 segundos tão próxima de ser quebrada não teria o mesmo sabor e, na última sessão da última jornada, na final da prova dos 100 metros livres (e certamente após reviver mentalmente muitas vezes a prova do dia anterior), a barreira foi quebrada.
Miguel Nascimento bateu na parede a meio da prova de 100 metros com a histórica marca de 21.90, abaixo do tempo que está estabelecido como mínimo olímpico (mas que só conta a partir de 1 de março de 2023) de 21.96.
Para o nadador do Benfica, que já por duas vezes teve de viver com a frustração de ficar à porta dos Jogos, o sonho olímpico está mais perto que nunca. E a julgar pela reação das bancadas do Jamor, não é só o nadador do Benfica que quer muito que à terceira seja de vez…
Esta foi a 5.ª vez que Miguel Nascimento bateu o recorde nacional dos 50 livres em piscina longa, igualando, a partir deste Open, Paulo Trindade como os nadadores que mais vezes bateram este recorde, ele que é apenas o 6.º recordista português desta prova, desde que o recorde é reconhecido pela FPN.
Evolução do recorde nacional dos 50 metros livres masculinos em piscina longa:
24.03 – Sérgio Esteves, FPN (22/05/1987);
23.90 – Paulo Trindade, FCP (22/07/1988);
23.81 – Paulo Trindade, FPN (11/08/1990);
23.67 – Paulo Trindade, FPN (02/12/1990);
23.47 – Paulo Trindade, FPN (09/01/1991);
23.42 – Paulo Trindade, FPN (20/07/1991);
23.18 – Pedro Silva, ABVE (20/05/2000);
23.06 – Pedro Silva, ABVE (27/07/2000);
22.92 – Pedro Silva, ABVE (28/07/2000);
22.86 – Pedro Silva, FPN (03/08/2002);
22.86 – Paulo Santos, FCP (30/03/2008);
22.44 – Alexandre Agostinho, PORTINADO (28/03/2009);
22.36 – Alexandre Agostinho, PORTINADO (30/05/2009);
22.36 – Alexandre Agostinho, FPN (31/07/2009);
22.17 – Miguel Nascimento, SLB (05/04/2019);
22.16 – Miguel Nascimento, SLB (19/12/2020);
22.01 – Miguel Nascimento, FPN (04/07/2022);
22.01 – Miguel Nascimento, SLB (29/07/2022);
21.90 – Miguel Nascimento, SLB (30/07/2022)
Francisca em estreia absoluta
O recorde feminino absoluto dos 200 metros livres também caiu. E este também é um recorde com uma história por trás feito por uma protagonista que ainda promete escrever muita história para a frente.
Francisca Martins estava a ter uma época super consistente no que respeita às marcas obtidas nos 200 metros livres. A nadadora do FOCA já tinha nadado em 2:01.82, 2:01.85 e 2:01.86 este ano, tendo já a mira apontada aos 2:01.48 do recorde nacional de Diana Durães.
Nas eliminatórias já tinha sido a mais rápida e, na final, desde o início que mostrou que era a principal favorita à vitória. O seu parcial a meio da prova foi mais lento do que nos Jogos do Mediterrâneo (onde fez o seu recorde pessoal), mas apenas por 1 décimo, conseguindo nadar a segunda metade num parcial de 1:02.26 para um tempo final de 2:01.30.
Este é o primeiro recorde nacional absoluto da nadadora de Felgueiras, que cumpriu o seu segundo ano de sénior.
Mais um recorde para Ana Pinho Rodrigues
Ana Pinho Rodrigues tem sido uma figura incontornável em todos os balanços de competições nacionais. Desde a época 2017/2018 que a nadadora da Escola Desportiva de Viana bate, pelo menos, um recorde nacional no Open de Portugal e desde a época 2018/2019 que bate, pelo menos, um recorde nacional no nacional de absolutos (da primavera).
Desta vez, e tal como em abril, foi na prova que assumidamente é a sua favorita, os 50 metros bruços. Depois de em Coimbra ter nadado em 31.24 e 31.23, deu Jamor promoveu uma excelente evolução do recorde e colocou-o em 31.09.
Numa altura em que Ana Rodrigues prepara a participação nos Europeus de Roma, os indicadores são muito bons e a fasquia dos 30 segundos está agora muito próxima.
Mas nem só de recordes cronométricos se fez o balanço da participação de Ana Rodrigues nestes nacionais. Com os três títulos que conquistou no Jamor, tem agora 62 títulos absolutos individuais na carreira, seguindo muito à frente dos mais diretos perseguidores (ainda para mais já retirados), Filipa Silva e Nuno Laurentino com 40. Juntando o total de títulos individuais (absolutos + categorias) está agora a 1 dos 110 de Teresa Figueiras. O recordista absoluto de títulos individuais – Rui Borges com 144 – ainda está longe, mas Ana Pinho Rodrigues ainda está longe de estar farta de ganhar.
Sporting, Benfica, Algés e Galitos
Em termos de recordes nacionais o Open de Portugal viu serem estabelecidos 7 recordes absolutos. Faltam, por isso, destacar três, os das estafetas.
Os dois grandes de Lisboa tiveram um duelo particular na busca de recordes coletivos e, nesse particular, o Sporting ganhou por 2×1.
A equipa de Alvalade estabeleceu dois novos recordes nacionais nas estafetas de estailos – 4×50 metros e 4×100 metros, trocando apenas um elemento entre as duas estafetas.
Nos 4×50 metros nadaram Francisco Santos, Francisco Quintas, Tiago Costa e Alexis Santos em 1:41.67 e nos 4×100 metros nadaram Francisco Santos, Francisco Quintas, Tiago Costa e Gustavo Ribeiro para 3:43.87.
O Benfica levou o recorde nacional dos 4×50 metros livres com uma equipa composta por Miguel Nascimento, Miguel Marques, Diogo Lebre e Diogo Costa em 1:29.80.
Nos juniores também houve um duelo, nesse caso entre as equipas femininas do Algés e do Galitos.
As algesinas estabeleceram um novo recorde nacional júnior dos 4×50 metros estilos com o tempo de 2:00.61 e com uma equipa composta por Luana Magalhães, Rebeca Antunes, Francisca Ferreira e Marta Pires.
As aveirenses bateram os recordes dos 4×50 e dos 4×100 metros livres. A composição e a ordem das estafetas foram as mesmas. Carolina Fernandes, Maria Carolina Almeida, Miriam Soares e Lara Vasconcelos nadaram para 1:49.09 e 4:00.06 respetivamente.
Trio de Damas
No campeonato nacional de absolutos, as senhoras destacaram-se no capítulo dos múltiplos vencedores individuais, com três nadadoras a conseguirem três vitórias.
A já citada Ana Pinho Rodrigues (Desportiva de Viana) venceu os 50 e 200 metros bruços e os 50 metros livres. Juntou ainda a prata nos 50 metros mariposa.
A jovem Mariana Cunha (Colégio Efanor) foi a nadadora com mais medalhas conquistadas nestes nacionais. Venceu os 50 e os 100 metros mariposa e os 200 metros estilos. Subiu ainda ao pódio para o 2º lugar dos 50 costas e 50 livres e para o 3º lugar dos 200 livres.
Diana Durães (Benfica) também levou três títulos individuais para casa: 400 e 800 metros livres e 400 metros estilos. Foi segunda nos 200 metros livres. Diana conseguiu mais títulos do Open de Portugal nesta edição do que em toda a sua carreira, o que é um dado curioso tendo em conta tratar-se de uma das melhores nadadoras portuguesas de todos os tempos.
Maria Gomes Neves e Daniel Tavares no comando
No lado dos juvenis houve dois nadadores a sagrarem-se tetra-campeões nacionais individuais.
Maria Gomes Neves (Braga) merece uma distinção particular por ser ainda juvenil-B. Venceu às mais velhas os 200 e 800 metros livres, os 100 e 200 metros costas.
Daniel Tavares (Bombeiros da Mealhada) já tinha vencido três títulos juvenil-A em abril, mas agora fez melhor e subiu ao lugar mais alto do pódio por 4 vezes. Venceu os 50, os 100 e os 200 metros livres e ainda os 100 metros mariposa. Ainda foi prata nos 50 metros mariposa.
Sporting Clube de Braga e Sporting Clube de Portugal dominam medalheiro
Por equipas destacaram-se os dois Sportings. O Braga foi a melhor equipa juvenil com 10 ouros, 2 pratas e 3 bronzes para um total de 15 medalhas. Para este resultado, para além das vitórias de Maria Gomes Neves, também contribuíram as vitórias de Mark Zhukov, Margarida Pinto, Gabriela Marques e das estafetas.
Seguiu-se no medalheiro juvenil os Bombeiros da Mealhada (com as medalhas de Daniel Tavares) e o Algés.
Em termos absolutos venceu o Sporting com 24 medalhas, sendo 16 de ouro, 5 de prata e 3 de bronze. Entre os sportinguistas subiram ao lugar mais alto do pódio Francisco Quintas, Alexis Santos, Francisco Santos, Inês Henriques, Tiago Costa e as estafetas, quer masculinas, quer femininas.
Seguiram-se Benfica e FC Porto como equipas mais ganhadoras do Open.
A natação nacional vai agora de férias, mas em termos internacionais restam ainda os europeus de Roma e os Mundiais de Juniores de Lima.