Técnicos elaboram treinos de condicionamento físico para manter equipe ativa em casa.
A Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA) seguindo protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu todas as suas atividades, visando o isolamento social para combater o avanço da pandemia do coronavírus causador da Covid-19. Nesse mesmo propósito, todas as competições esportivas foram canceladas ou suspensas.
Essa situação levou atletas de alto rendimento a um novo desafio: manter a forma física durante o isolamento para voltarem competitivos às atividades. Pensando nisso, equipe técnica da ABDA preparou treinos para atletas das modalidades polo aquático, natação e atletismo realizarem em casa e manterem o condicionamento físico.

Alternativas – O preparador físico Vinicius Garcia, que atualmente treina à distância 4 times de polo aquático, um total de aproximadamente 40 atletas da equipe masculina, conta que envia os treinos por meio de vídeos com explicação da execução dos movimentos, séries e repetições.
“Passamos, principalmente, exercícios que utilizam o peso corporal, mas também com algum incremento de carga, como uma mochila com algum objeto dentro. Trabalhamos também movimentos de potência, como a pliometria”, explica Vinícius. “Vínhamos de semanas fortes de treino, pois logo começariam os jogos dos campeonatos. Com os treinos em casa, esperamos não perder muito as capacidades físicas dos atletas. Eles filmam os treinos e me mandam depois”, conta.

Sem piscina – João Vitor Albieri Caumo, 16 anos, atleta de polo aquático sub-18 e sub-20 da Sociedade Hípica de Bauru (SHB), equipe mantida pela ABDA, encarou a nova realidade e está seguindo à risca os treinos propostos. “O que o treinador pede para fazer, eu realizo sem exceções. Acredito que isso vai fazer a diferença lá na frente por causa do condicionamento físico que é muito importante na nossa modalidade”, aposta o atleta.
Na equipe feminina, a técnica Janaína Parra Grossi também está atenta, instruindo e monitorando o treino em casa de 30 atletas de polo aquático. “Envio treinos diariamente, utilizando exercícios com peso corporal e às vezes algum material para obter sobrecarga, como mochila com livros, garrafa de água e bola. As atletas têm dado um bom feedback sobre os treinos”, explica a preparadora.
Confira no vídeo 4 treinos da fase de isolamento das atletas da equipe feminina de polo aquático da ABDA: https://youtu.be/Pdl0ZOy348E
“Para driblar a falta da piscina, tentamos passar exercícios que se assemelham à atividade na água. Com certeza, esse comprometimento agora fará toda a diferença no retorno à rotina”, garante Janaína, ela própria uma adepta da atividade física no período de isolamento social, com postagens de seus treinos nas redes sociais.
A atleta Letícia Belório (na foto principal), 19 anos, faz parte do grupo que aderiu aos treinos em casa no período do isolamento. A jogadora, convocada diversas vezes para compor a seleção brasileira de polo aquático, sabe da importância de manter o condicionamento físico.

Desafios – Além da rotina de treinos, os treinadores da ABDA têm proposto desafios aos atletas do alto rendimento que são realizados até pelas crianças das equipes de base. O desafio da meia, por exemplo, que consiste em erguer uma perna e calçar a meia no pé que está no chão, fez sucesso com a criançada e até entre as mães.
“Lançamos desafios durante a semana para o treino não cair na monotonia, como realizar a série o mais rápido possível, fazer o máximo de repetições dentro de um determinado tempo”, explica Vinicius Garcia.
Assim como no polo aquático, para os atletas da natação, a preparação física segue no período de isolamento social. “São treinos bem diferentes dos que os atletas faziam na Arena ABDA, mas o objetivo é mantê-los ativos nesse período de afastamento, com certo nível de condicionamento físico”, explica o técnico Victor Dutra, que passa treinos com duração de 15 a 30 minutos por dia, 5 vezes por semana, para atletas acima de 13 anos da equipe de natação.

Ajuda da tecnologia – Nessa nova rotina, a tecnologia tem um papel fundamental. “Tenho grupo no Whatsapp com os atletas, onde eles enviam as fotos e comentam como foi o treino. Logo quando ficamos sabendo da quarentena, eles já vieram perguntando se poderiam treinar em casa e o que fazer”, relembra Victor Dutra.
“São treinos com mais movimentos, pois em casa, fica mais difícil adicionar peso. Usamos intensidade alta em alguns dias, volume alto em outros e movimentos mais naturais. Nos treinos, fazemos flexão, barra fixa (para quem consegue ter em casa), agachamentos, saltos, deslocamentos, mobilidade de membros inferiores e superiores e treinos em circuito”, conta.

A nadadora Lívia Moraes Anjo, 15 anos, da categoria juvenil, faz parte do grupo de atletas que estão mantendo a disciplina da preparação em casa. “Faço os treinos sempre às 16h30. Estou achando bom poder continuar a treinar assim, pois me ajuda a manter meu condicionamento físico e mental. É muito bom ter esse acompanhamento, pois seria muito tempo parada e o corpo não responderia igual na volta”, ressalta a atleta que compete nas provas 100m e 200m nado peito.

Atletismo – Os atletas de alto rendimento do atletismo também estão recebendo planilhas de treinamento elaboradas pelos treinadores da ABDA para realizarem em suas casas neste período de quarentena contra o coronavírus. “Os treinos são orientados para 4 a 5 dias na semana, com duração de 50 a 60 minutos cada. O objetivo é que eles mantenham um mínimo de condicionamento físico, para não terem tanta dificuldade para retornarem aos treinamentos após este período”, frisa o técnico Neto Gonçalves.
O atleta Cleverson Júnior, 20 anos, é um dos que estão firmes nos treinos em casa. “Já fiz algumas corridas na rua, sempre em horários com pouca gente. Mas, a grande parte dos treinamentos é feita mesmo dentro de casa”, conta o atleta que coleciona diversas conquistas na carreira.

Natação paralímpica – Para os atletas PCD (pessoas com deficiência) da natação paralímpica da ABDA foi adotada uma postura que visa preservar a imunidade. “Essa escolha se deu em virtude da maioria dos atletas serem imunossuprimidos, não se sabendo ao certo os riscos de submetê-los nesse momento ao esforço físico, podendo ter uma resposta imunológica um pouco diferente quando em eventual contato com o vírus”, explica o preparador Rodney Antônio da Silva Sampaio.
“Cada atleta PCD tem sua peculiaridade e prescrever treinos que pudessem funcionar positivamente para cada um seria mais complicado. Por isso, no momento, a decisão foi de suspender os treinos de condicionamento e instruí-los para focarem em cuidados com a imunidade”, complementa.
A ABDA conta com o auxílio de seus parceiros: Zopone Engenharia e Comércio LTDA., Z-Incorporações, CVC, Pernambucanas, BNP Paribas, Sabesp, Gasbrasiliano, Isa Cteep, Unimed Bauru, Lei de Incentivo ao Esporte, Ministério da Cidadania – Secretaria Especial do Esporte, Semel e Ice Fresh.

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