Abílio Couto primeiro brasileiro a cruzar o Canal da Mancha Por Amanda Barbosa

6 anos ago 0

Ribeirão-pretano Abílio Couto cruzou o mar entre Inglaterra e França em 1958; amigos e parentes relembram histórias do homem que percorreu o mundo a nado

O sonho de todo nadador de longas distâncias é completar o percurso de 33km em linha reta que separa, no ponto mais estreito do Canal da Mancha, o estreito de Dover, na Inglaterra, até o cabo Gris Nez, em Calais, na França. Já são 29 brasileiros que concluíram o trajeto, mas o primeiro sul-americano a repetir a façanha do britânico Mathew Webb (o primeiro a atravessar, em 1875) foi o brasileiro Abílio Couto, em 1958.

Foto 1 Abílio Couto na conclusão da travessia: atleta tem de caminhar até a areia e levantar o braço para travessia ser concluída — Foto: Arquivo da família

Nascido em Ribeirão Preto, o nadador já era um especialista em travessias de longas distâncias quando se arriscou nas águas geladas e correntes traiçoeiras do estreito europeu, concluindo a travessia em 12h45min, quarenta minutos a mais do que o último brasileiro a completar o trajeto, o araraquarense Mário Pinto, no mês passado.
O atleta se jogou ao mar às 3h40 da manhã do dia 10 de agosto de 1958 e fazia uma travessia em águas calmas, com cerca de 15ºC, coberto de uma mistura de vaselina com lanolina, técnica usada até hoje para suportar as baixas temperaturas (é proibido usar o traje de neoprene para ter o tempo homologado). Até que o famigerado fluxo de correntes do canal se apresentou. Após cinco horas de nado, uma neblina dificultou a visibilidade e por pouco o cargueiro S.S Hulst não passou por cima de Abílio, salvo pela embarcação de apoio.

Foto 2 Abílio Couto recebe uma camada de vaselina com lanolina, técnica usada até hoje para suportar a água gelada — Foto: Arquivo da família

Com 7h43min de prova, a equipe apostava em uma quebra do então recorde, de 10 horas, pois o cálculo era de que faltavam 8km pra concluir o trajeto. Mas uma maré encheu o canal na direção contrária do trajeto definido pela equipe, o que, além de tirar a chance da quebra de recorde, obrigou Abílio a duplicar o esforço. Por volta das 16h25 ele apontou na costa para delírio de um público e imprensa que esperavam para ver o primeiro atleta a completar a travessia naquele ano.
“Couto fez um esforço estupendo e venceu. Andando com dificuldade sobre a praia e encontrou as câmeras de televisão, público e imprensa. Foi uma bela travessia feita por um cavalheiro muito valente”, descreveu o relatório dos juízes da Associação Internacional de Natação.

 

Uma vida nadando o mundo

Foto 3 Abílio Couto durante o nado no Canal da Mancha: recorde esteve perto de ser quebrado — Foto: Arquivo da família

A conquista fez esquecer todo o caminho que Abílio custoso e tortuoso que Abílio enfrentou. Ele tentou, sem sucesso, por duas vezes em 1957, fazer a mesma travessia, mas só conseguiu no ano seguinte, após empenhar imóveis e um carro para treinar com mais afinco. Voltou da primeira tentativa com mapas e publicações sobre a travessia, para melhorar a estratégia.
– Ele foi o pioneiro, conseguiu um feito histórico, ele teve muitos méritos de ir atrás, pesquisar, foi um marco da natação brasileira – lembra José Rodini, que concluiu o trajeto em 1994, após receber muitos conselhos de Couto.

Foto 4 José Rodini concluiu o trajeto em 1994 e foi discípulo de Abílio Couto — Foto: Reprodução/EPTV

– Naquele tempo não tinha internet, era na conversa pessoal que ia contando, então ele teve uma participação enorme na minha preparação. Além de ter sido o primeiro brasileiro, né? Ele abriu o caminho – concluiu Rodini.

 

Família luta para preservar memória

Incluído no Hall da Fama da Natação em 2002, quatro anos após morrer, o nadador tem as inúmeras travessias pelo mundo, incluindo o Rio Nilo, lembradas pelo neto Daniel Vizeu Costa Couto.
– Foram mais de 30 anos de prova pelo mundo, sempre representando o Brasil e defendendo nosso país. Naquela época não existia tanto estudo, ele ia para algumas provas que, às vezes, a pessoa tinha morrido algumas tentativas antes. Arriscava a própria vida quando ele fazia estes feitos. Quando eu o ouvia contando, tinha uma riqueza grande de detalhes. Ele falava da dificuldade em obter auxílio para competir. Chegou a vender tudo que tinha para poder juntar dinheiro e ir competir pelo país mundo afora – disse Costa Couto.

Foto 5 Daniel Vizeu Costa Couto, neto de Abílo Couto: emoção em meio às lembranças das conquistas — Foto: Reprodução/EPTV

Para o neto de Abílio, o esforço é para resgatar a história do avô e lembrar o feito que, muitas vezes, é rememorado apenas para os nadadores da modalidade. Para se ter um exemplo do pionerismo de Abílio, só a partir da Olimpíada de 20008, em Pequim, que a maratona aquática se tornou olímpica, com a disputa da prova de 10km.
– Hoje é uma modalidade olímpica, mas na época era mais desafio do que esporte, muita gente veio para aprender com ele e depois voltou para a Europa para competir. Queremos deixar a história viva, que as pessoas tenham contato com esses índices históricos, que é muito importante – projetou Costa Couto.
Para uma das atletas que já foi treinada por Abílio, o histórico nadador era obstinado em buscar seus feitos e viveu para atravessar o mundo a nado.
– Ele viveu para isso, gastou todo o dinheiro dele viajando, competindo. E fez história – lembrou a triatleta e ex-aluna dele Rosangela Hoeppner.

 

https://globoesporte.globo.com/sp/ribeirao-preto-e-regiao/natacao/noticia/primeira-travessia-do-canal-da-mancha-feita-por-um-sul-americano-faz-60-anos.ghtml?fbclid=IwAR1QKdMbaumpygx_pPwBiVMSqJTYNrDaHNhnO-j0eSIhWLQx9u8pttp4DcU

Por Amanda Barbosa, EPTV — Ribeirão Preto, SP

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