Open de Portugal com o sonho de Paris 2024 no horizonte
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Jogos Santa Casa – Open de Portugal Campeonatos Nacionais de Juvenis e Absolutos Madeira 2023 decorre no Complexo de Piscinas Olímpicas do Funchal de 30 de março a 2 de abril 2023.
Antevisão, por João Bastos.
A partir do Funchal surgirão as primeiras declarações de intenção rumo a Paris 2024. O Open de Portugal, este ano agendado para o Nacional da Primavera, decorre no Complexo Olímpico da Penteada, de 30 de março a 2 de abril e é a primeira oportunidade para realização de mínimos olímpicos para Paris 2024.
Assim sendo, e com naturalidade, a perspetiva de podermos ter os primeiros portugueses apurados para os jogos gauleses surge como o maior aperitivo destes Campeonatos Nacionais de Juvenis e Absolutos/Open de Portugal.
Assim, as esperanças olímpicas poderão ser, nesta fase, integradas em três grupos:
– O grupo dos nadadores que já nadou abaixo dos tempos de referência neste ciclo olímpico;
– O grupo dos nadadores que já nadou na sua carreira abaixo dos tempos de referência;
– O grupo dos nadadores que estão muito perto de nadar abaixo do tempo de referência olímpico.
No primeiro grupo temos dois nadadores: Diogo Ribeiro e Miguel Nascimento. Os dois nadadores do Benfica procuram a estreia olímpica e são, em teoria, os dois nadadores portugueses mais bem encaminhados para isso.
Diogo Ribeiro dispensa grandes descrições sobre aquilo que fez no decorrer desta olimpíada, sendo um nome hoje conhecido até do público que não segue a natação portuguesa. Para chegar à final dos 100 mariposa dos Europeus de Roma no ano passado, o nadador de Coimbra nadou a meia final em 51.61, nadando abaixo dos 51.67 exigidos para chegar a Paris. Já no Mundial de Juniores de Lima, competição onde se sagrou tricampeão mundial, nadou em 21.92 para vencer a final dos 50 metros livres, ficando abaixo dos 21.96 exigidos para acesso aos Jogos Olímpicos.
O estatuto que ostenta Diogo Ribeiro com apenas 18 anos de idade faz sonhar já no resultado que pode conseguir na cidade luz, mas para já importa focar no fundamental: garantir a presença. E se puder já na Madeira, tanto melhor.
Miguel Nascimento, companheiro de equipa e de treinos de Diogo Ribeiro, teve um percurso bem diferente. A frustração olímpica já bateu à porta do nadador algarvio por duas vezes, quando ficou à porta do Rio de Janeiro (nos 200 mariposa) e quando ficou a 15 centésimos do mínimo para Tóquio (nos 50 livres). Agora está mais perto do que nunca de atingir o sonho olímpico depois de, no Open de Portugal do ano passado, ter nadado em 21.90 nos 50 metros livres, 6 centésimos abaixo do tempo exigido. No mesmo mês (julho de 2022) já tinha nadado duas vezes em 22.01, mostrando que está consistentemente a nadar perto do mínimo.
No último teste, na Turquia, 15 dias antes dos nacionais, nadou em 22.06, mais um excelente indicador dado pelo nadador treinado por Alberto Ribeiro.
Passando ao segundo grupo, encontramos outros dois nadadores: Ana Catarina Monteiro e Francisco Santos.
A nadadora do Vilacondense, que obteve a melhor classificação portuguesa feminina de sempre em Tóquio2020 já nadou por três vezes abaixo do tempo de acesso aos Jogos de Paris nos 200 mariposa, algo inédito na natação portuguesa, mas nenhuma neste ciclo olímpico. De 2021 até agora o seu melhor foram os 2:09.32 que lhe deram a medalha de prata nos Jogos do Mediterrâneo do ano passado. Os 2:08.43 são o tempo a bater e estão ao alcance de Catarina, veremos se já neste fim-de-semana.
Francisco Santos tem de recorde pessoal aos 200 costas 1:57.06, o seu excelente recorde nacional obtido no Meeting do Porto em 2021, na sua derradeira (e bem-sucedida) tentativa de qualificação para os Jogos de Tóquio.
No presente ciclo olímpico o melhor tempo que fez na sua prova preferencial foi de 1:59.10 nos nacionais de juniores e absolutos de Coimbra do ano passado e vai em busca do tempo de 1:57.50 que permitirão ao sportinguista repetir a presença no palco maior do desporto mundial.
No terceiro grupo identificamos quatro nadadores – com o grau de subjetividade do que se pode considerar estar perto ou não de determinada marca – e destes quatro podemos subdividi-los em dois grupos: aqueles que já chegaram perto dos mínimos nesta olimpíada e aqueles que, estando perto, ainda não produziram o seu melhor desde Tóquio.
Camila Rebelo é a que mais próxima está dentro deste grupo. A nadadora da Louzan, aquando da sua vitória nos 200 metros costas nos Jogos do Mediterrâneo, nadou em 2:10.41, a apenas 2 centésimos do tempo de acesso aos JO de Paris. Uma melhoria de 2 centésimos para uma nadadora que no último ano tirou mais de 5 segundos ao seu recorde pessoal é uma perspetiva que deixa muita margem de confiança para a possibilidade de assistirmos à estreia olímpica de Camila em Paris 2024, numa prova que não tem representantes portuguesas há 27 anos.
Outro nadador que passou a bater à porta do olimpo no último ano é João Costa. O nadador do Vitória de Guimarães estabeleceu nos Europeus de Roma, logo nas eliminatórias, um novo recorde nacional dos 100 costas, nadando em 53.87, ficando a 13 centésimos dos 53.74 exigidos para Paris. O recorde nacional anterior já era seu, apenas 1 centésimo pior, estabelecido nos nacionais de Coimbra, em abril do ano passado, o que mostra a consistência do nadador vimaranense, deixando antever que os 13 centésimos podem ser eliminados já este fim-de-semana.
A 4 décimos do mínimo aos 200 estilos está Gabriel Lopes. O medalhado de bronze nos últimos Europeus procura repetir a presença olímpica depois da estreia em Tóquio. O seu melhor tempo é de 1:58.34 e terá de bater o recorde nacional de Alexis Santos fixado em 1:58.19 para chegar ao mínimo de 1:57.94.
José Paulo Lopes é outro nadador desta lista de nadadores com recorde pessoais próximos do mínimo olímpico, mas o único que não fez esse registo neste ciclo olímpico. O nadador do Braga nadou nos Europeus de Budapeste em 2021 em 7:52.68 nos 800 metros livres e essa marca coloca-o a 1,03 segundos do mínimo nessa prova (que numa prova de 800 metros pode ser considerado próximo). Depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio o nadador orientado por Luís Cameira ainda procura a sua melhor forma e tem de melhor os 8:02.01 feitos em dezembro 2021. Essa melhor forma pode vir já na Madeira.
Outros nadadores poderão entrar no radar olímpico para Paris. Com Diana Durães e Tamila Holub à cabeça pelo seus estatutos, experiências e qualidades, mas ainda distam alguns segundos dos tempos de acesso aos 800 (8:26.71) e aos 1500 (16:09.09), mas a caminhada para Paris só começa agora.
Para além dos mínimos olímpicos, a piscina da Penteada pode ser chave de acesso para outras competições internacionais, como os Mundiais de Fukuoka, que decorrem em julho.
Para esta competição já Diogo Ribeiro (50L, 50M, 100M e a 1 centésimo dos 100L), Miguel Nascimento (50L), José Paulo Lopes (800L e 400E), João Costa (100C), Francisco Santos (200C), Gabriel Lopes (200E), Diana Durães (400L, 800L e 1500L), Tamila Holub (800L e 1500L), Camila Rebelo (200C) e Ana Catarina Monteiro (200M) nadaram abaixo dos mínimos.
A este lote podem juntar-se Rafaela Azevedo que está a apenas 2 centésimos do mínimo aos 50 costas e Ana Pinho Rodrigues que está à mesma distância do mínimo aos 50 bruços.
Já para a competição internacional que se irá estrear, os europeus de sub-23, os mais fortes candidatos a estar presentes na Irlanda são: Diogo Ribeiro (50L, 100L, 50M e 100M), Miguel Marques (50L), José Paulo Lopes (400L, 800L, 1500L e 400E), João Costa (100C e 200C), Francisca Martins (200L e 400L), Rafaela Azevedo (50C e 100C), Camila Rebelo (100C e 200C), Raquel Pereira (200B, 200E e 400E), Mariana Cunha (100M e 200M) e Inês Henriques (200M). Com as ressalvas que alguns destes nadadores não nadam abaixo dos tempos de referência há algum tempo e que alguns não irão nadar na Madeira as provas referidas.
Para os Europeus de Juniores as perspetivas não são muito animadoras e, para já, identifica-se apenas um nadador próximo dos tempos de acesso: Ricardo Santos, da Casa do Povo de Ferreira do Zêzere, aos 200 costas.
Lançadas as previsões, é tempo de ação. De 30 de março a 2 de abril, acompanhe todas as braçadas dos nacionais de juvenis e absolutos/Open de Portugal na Natação TV.
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